Compreender a voz passiva em qualquer idioma pode ser um desafio, mas é uma habilidade essencial para quem deseja dominar o português brasileiro. A voz passiva é uma construção verbal que enfatiza a ação ou o objeto da ação, em vez do sujeito que a realiza. Neste artigo, vamos explorar a formação e o uso da voz passiva no português brasileiro, fornecendo exemplos claros e dicas práticas para facilitar a aprendizagem.
Formação da Voz Passiva
A formação da voz passiva em português envolve alguns passos fundamentais. Primeiro, é necessário identificar o verbo principal da frase ativa e seu tempo verbal. Em seguida, esse verbo será transformado em particípio passado e utilizado com o verbo auxiliar “ser”.
Vamos analisar cada um desses passos detalhadamente.
Transformando o Verbo em Particípio Passado
O particípio passado é uma forma verbal que, em muitos casos, tem uma terminação específica. No português, os verbos regulares no particípio passado terminam em “-ado” para verbos da primeira conjugação (-ar) e em “-ido” para verbos da segunda (-er) e terceira conjugação (-ir). Vamos ver alguns exemplos:
– Verbo “falar” (1ª conjugação): falado
– Verbo “comer” (2ª conjugação): comido
– Verbo “partir” (3ª conjugação): partido
Os verbos irregulares, por outro lado, têm formas de particípio passado que não seguem um padrão fixo e devem ser memorizadas. Alguns exemplos incluem:
– Verbo “fazer”: feito
– Verbo “escrever”: escrito
– Verbo “abrir”: aberto
Uso do Verbo Auxiliar “Ser”
Depois de transformar o verbo principal em particípio passado, é necessário usar o verbo auxiliar “ser” para formar a voz passiva. O tempo verbal do verbo “ser” deve corresponder ao tempo da frase ativa original. Vamos examinar alguns exemplos para entender melhor:
Frase ativa no presente:
– “O João escreve uma carta.”
Frase passiva no presente:
– “Uma carta é escrita pelo João.”
Frase ativa no pretérito perfeito:
– “O João escreveu uma carta.”
Frase passiva no pretérito perfeito:
– “Uma carta foi escrita pelo João.”
Frase ativa no futuro do presente:
– “O João escreverá uma carta.”
Frase passiva no futuro do presente:
– “Uma carta será escrita pelo João.”
Uso da Voz Passiva
Agora que entendemos como formar a voz passiva, é importante saber quando e por que usá-la. A voz passiva é frequentemente utilizada para destacar a ação ou o objeto da ação, especialmente quando o sujeito que realiza a ação é irrelevante ou desconhecido. Vamos explorar algumas situações comuns em que a voz passiva é apropriada.
Enfatizando a Ação
Quando queremos enfatizar a ação em vez de quem a realizou, a voz passiva pode ser muito útil. Por exemplo:
Frase ativa:
– “Os cientistas descobriram uma nova vacina.”
Frase passiva:
– “Uma nova vacina foi descoberta.”
Nesse caso, a frase passiva destaca a descoberta da vacina, que é a informação mais importante.
Quando o Sujeito é Desconhecido
Se o sujeito que realiza a ação é desconhecido ou irrelevante, a voz passiva pode ser uma escolha melhor. Por exemplo:
Frase ativa:
– “Alguém roubou meu carro.”
Frase passiva:
– “Meu carro foi roubado.”
Aqui, a frase passiva destaca o fato de o carro ter sido roubado, sem se preocupar com quem o fez.
Uso em Textos Formais
A voz passiva é frequentemente encontrada em textos formais, como artigos científicos, relatórios e documentos oficiais, onde a objetividade e a impessoalidade são valorizadas. Por exemplo:
Frase ativa:
– “Os pesquisadores conduziram o estudo.”
Frase passiva:
– “O estudo foi conduzido pelos pesquisadores.”
Nesse caso, a frase passiva é mais adequada para um contexto formal.
Diferença entre Voz Passiva Analítica e Sintética
No português brasileiro, existem duas formas de voz passiva: a analítica e a sintética. A voz passiva analítica é a mais comum e é formada com o verbo “ser” + particípio passado, como já vimos. A voz passiva sintética, também conhecida como voz passiva pronominal, é formada com o pronome “se” + verbo na terceira pessoa.
Vamos ver alguns exemplos para entender a diferença:
Voz passiva analítica:
– “A carta foi escrita pelo João.”
Voz passiva sintética:
– “Escreveu-se a carta.”
A voz passiva sintética é frequentemente usada na linguagem cotidiana e pode ser mais direta e concisa.
Prática e Exercícios
Para dominar a voz passiva, é essencial praticar. Aqui estão alguns exercícios que podem ajudar:
1. Transforme as seguintes frases ativas em passivas:
– “A professora corrigiu os exames.”
– “O governo implementará novas políticas.”
– “Os engenheiros projetaram a ponte.”
2. Identifique se as seguintes frases estão na voz passiva analítica ou sintética:
– “Foi escrito um relatório completo.”
– “Publicou-se um artigo interessante.”
– “A decisão foi tomada pelo conselho.”
3. Crie frases usando a voz passiva para descrever ações em um contexto formal, como um relatório de pesquisa ou um artigo científico.
Conclusão
Compreender a voz passiva e saber usá-la corretamente é uma habilidade valiosa para qualquer estudante de português brasileiro. A prática constante e a familiarização com diferentes contextos de uso ajudarão a internalizar essa construção verbal. Lembre-se de que a voz passiva não é apenas uma questão gramatical; é uma ferramenta para enriquecer a comunicação e dar ênfase a diferentes aspectos de uma frase.
Esperamos que este artigo tenha esclarecido suas dúvidas sobre a formação e o uso da voz passiva. Continue praticando e explorando a riqueza da língua portuguesa!